POR QUE A MATEMÁTICA É TÃO EFICAZ NAS CIÊNCIAS FÍSICAS?

Autores

  • Jenner Barretto Bastos Filho Universidade Federal de Alagoas
  • Adriano Pereira Universidade Federal de Alagoas
  • Amauri da Silva Barros Universidade Federal de Alagoas

DOI:

https://doi.org/10.3333/ps.v6i7.750

Palavras-chave:

Realidade Física, Matemática Pura, Eficácia, Correspondência.

Resumo

Neste artigo de cunho pedagógico, partimos da pergunta de Einstein e de Wigner sobre a estupenda eficácia da matemática para se adaptar à realidade física. Defendemos aqui neste artigo a seguinte tese: a eficácia da matemática para dar conta da realidade física está centrada em um isomorfismo parcial entre as estruturas cognitivas de nossa mente e as estruturas do mundo real. Tais estruturas ensejam entre si um diálogo eternamente recorrente. Este diálogo é de natureza adaptativa, complexa e evolutiva e qualquer eventual sucesso, por mais retumbante que seja, não garante qualquer expressão ontológica exata da realidade. De Kant seguimos a sua Revolução Copernicana segundo a qual para conhecer o mundo é necessário impor a ele alguns a priori a fim de contorná-lo. De Popper adotamos a sua ressalva à Revolução Copernicana à la Kant segundo a qual por mais necessária que seja a imposição dos elementos a priori e por mais sucesso que eles ensejem, não podemos jamais garantir que eles sejam a priori verdadeiros, pois continuam sendo eternamente conjecturais.  De Einstein adotamos a adoção seletiva dos conceitos como parte constitutiva da livre escolha a fim de contornar a realidade. A realidade física é objetiva e por esta razão apenas responde parcialmente, em adaptação evolutiva e complexa, mediante os a priori ensejados pelas estruturas de nossa mente em diálogo eternamente recorrente com as estruturas do mundo exterior. Tal processo pode se revelar sob diversas formas parcialmente bem sucedidas ou não.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

A. EINSTEIN, Geometry and Experience, (Forma expandida da comunicação à Academia Prussiana de Ciências no dia 21 de janeiro de 1921) In: Sidelights on relativity, Disponível em: http://www.gutenberg.org/cache/epub/7333/pg7333.html

E. P. WIGNER, The Unreasonable Effectiveness of Mathematics in the Natural Sciences, Communications in Pure and Applied Mathematics, vol. XIII, 1960, p. 1-14. [Este importante artigo também pode ser encontrado no livro The World Treasury of Physics, Astronomy and Mathematics, editado por Timothy Ferris, Boston: Little, Brown and Company, 1991, p. 526-540]. O artigo também pode ser encontrado na página eletrônica: http://www.dartmouth.edu/~matc/MathDrama/reading/Wigner.html

E. SCHRÖDINGER, Espírito e Matéria (Conferências Tarner proferidas por Schrödinger no Trinity College de Cambridge em outubro de 1956), In: O que é Vida? & Espírito e Matéria, Lisboa: Editorial Fragmentos, s/d.

B. RUSSELL, Storia della Filosofia Occidentale, Milão: Teadue, 1993.

PLATÃO, Leis, Diálogos, In: Coleção Amazônica/Série Farias Brito, Volumes XII a XIII, tradução de Carlos Alberto Nunes Belém.: Editora da Universidade do Pará, 1980.

PLATÃO, Laws, Dialogues, In: 'Great Books of the Western World', Vol. 7. Plato, Chicago: Encyclopaedia Britannica, INC., tradução de Benjamin Jowett, 1952

L. DA VINCI, Aforismi, novelle e profezie, Roma: Tascabili Ecomonici Newton, 1993.

N. COPÉRNICO, As Revoluções dos Orbes Celestes, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, tradução de A. Dias Gomes e Gabriel Domingues com Notas e Introdução de Luis Albuquerque, 1984 [trata-se da primeira tradução para o português do original em latim De Revolutionibus Orbium Coelestium de 1543].

G. GALILEI, O Ensaiador, In: Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, Vol. Galileu& Newton, 1987. [Obra originalmente publicada em italiano em 1623]

ARISTÓTELES, Del Cielo, In: Obras de Aristóteles, Madri: Aguilar, tradução do grego de Francisco Samaranch, 1964

ARISTÓTELES, On the Heavens, In: 'Great Books of the Western World', Vol. 8. Aristotle I, Chicago: Encyclopaedia Britannica, INC., 1952.

A. KOYRÉ, Études Galiléennes, Paris: Hermann, 1966.

M. DORATO, Why is the language of nature mathematical? In: G. ANTONINI, G; A. ALTAMORE, (Eds.), Galileo and the Renaissance Scientific Discourse, Roma: Edizioni Nuova Cultura, 2010, pp.65-71.

Disponível em: http://host.uniroma3.it/dipartimenti/filosofia/personale/galileomat.pdf

S. FRENCH, Models and Mathematics in Physics: the Role of Group Theory, in J. Butterfield, C. Pagonis (eds), From Physics to Philosophy, Cambridge University Press, Cambridge 1999.

S. FRENCH. The Reasonable Effectiveness of Mathematics: Partial Structures and the Application of Group Theory to Physics. Synthese 125 (1-2), 2000

A. EINSTEIN, Prefácio (foreword), In: MAX JAMMER, Concepts of Space, Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press, 2a ed., 1970

I. KANT, Crítica da Razão Pura, In: Coleção Os Pensadores, Vol. Kant I, tradução de Valerio Rohden e Udo Baldur Moosburger, São Paulo: Nova Cultural 1987

K. R. POPPER, Towards an Evolutionary Theory of Knowledge, In: A World of Propensities, Bristol: Thoemmes, 1990

J. PIAGET, Théories de langage, Théories de l'apprentissage (Le débat entre Jean Piaget et Noam Chomsky). In: PIATTELLI-PALMARINI (Ed.), Paris: Éditions du Seuil, 1979.

J. PIAGET, Jean Piaget & Noam Chomsky debatem Teorias da Linguagem e Teorias da Aprendizagem. In: PIATTELLI-PALMARINI (Org.), Lisboa: Edições 70, 1987.

G. SZPIRO, Interview with Stephen Smale, Notices of AMS, setembro de 2007. p. 995-997. Disponível em: http://www.ams.org/notices/200708/tx070800995p.pdf

J. M. F. BASSALO & F. CARUSO, Dirac, São Paulo: Editor Livraria da Física, 2013

Downloads

Publicado

2018-02-09

Como Citar

Bastos Filho, J. B., Pereira, A., & Barros, A. da S. (2018). POR QUE A MATEMÁTICA É TÃO EFICAZ NAS CIÊNCIAS FÍSICAS?. Revista Psicologia & Saberes, 6(7), 44–69. https://doi.org/10.3333/ps.v6i7.750